Mais um golpe de estado ocorre na América Latina! Toda força aos bolivianos!
Mais um golpe de estado ocorre na América Latina! Toda força aos bolivianos!
Presidente boliviano Evo Morales acaba de ser forçado pelo exército a renunciar seu cargo. E aquele entalo na garganta que assombrava a vida do povo latino nas metades do séc.XX volta a nos rodear.
Após Evo Morales vencer no primeiro turno as eleições para seu quarto mandato, a oposição orquestrada pela direita golpista e fundamentalista vem convocando mobilizações para questionar o resultado das eleições. Como foi evidenciado em uma série de áudios revelados pelo Jornal Bolivariano “El Periódico”, as mobilizações foram articuladas com ajuda de diversos líderes mundiais.
A ânsia da extrema direita que despreza a democracia também eclodiu em outros países na última década - salvo suas particularidades e conjunturas distintas, outros golpes e tentativas de golpes aconteceram na América Latina. Vimos Dilma sofrer um golpe parlamentar em 2016 e Juan Guaidó se autodeclarar presidente na Venezuela - sempre após uma sucessão de atos que questionam a credibilidade das instituições para que a oposição se apresente como solução por vias que não as democráticas.
Os projetos neoliberais implementados na América Latina durante os regimes militares ocorridos durante a segunda metade do século XX foram rechaçados por todo o continente, após a redemocratização ocorrida por toda a região, especialmente a partir da virada para o século XXI.
É nessa conjuntura que vemos novamente, a partir da crise econômica de 2008, uma nova investida da extrema-direita na América Latina, direcionada por forças externas, que almejam cobrar dos trabalhadores da região as contas do andar de cima. Diante dos problemas econômicos o empresariado tem aspirado medidas de austeridade, e mesmo diante da recusa do povo, promovem o caos institucional. Gerando conflitos, mortes, e retirada de direitos.
Na Bolívia, uma prefeita apoiadora do governo Morales foi arrancada da prefeitura e arrastada pelas ruas, as casas de dois governadores do mesmo espectro político foram incendiadas e então, após marcar novas eleições, em respeito a comissão que apontou incertezas quanto ao resultado que declarou Evo como vencedor no primeiro turno, se viu obrigado a renunciar para satisfazer a oposição apoiada pelas forças armadas, que em uma semana instauraram o caos no país.
Mesmo no Chile, apontado como modelo econômico, onde as medidas neoliberais de estado mínimo foram todas implementadas e mantidas, fica evidente qual a resposta do povo. No país onde tudo foi privatizado e a reforma da previdência implementada, temos um dos maiores índices de suicídio entre idosos, deixados a mercê da própria sorte, relegando-os a condições subumanas, já no fim da vida. Há poucas semanas vimos milhões de chilenos invadirem as ruas nas lutas por seus direitos e por um estado menos desigual.
Nós, latinas, estamos ainda em luta para superar as sequelas dos regimes militares vividos aqui. Muitas estruturas autoritárias perpetuam-se, mantendo a desigualdade e a dependência econômica da região em relação aos Estados Unidos e à Europa. Conquistamos, com sangue de todos os mortos perseguidos pelos regimes militares e depois nas urnas, a possibilidade construir governos em atenção a vontade do povo e que defendam os interesses locais, para acabar com o colonialismo existente até hoje e dar ao nosso povo poder de se autodeterminar.
Não aceitaremos nenhum tipo de intervenção militar, interna ou externa, um golpe totalmente racista que não respeita as vozes, sedes e bandeiras de seus povos tradicionais, financiada pelo mercado financeiro, para manter-nos sob as rédeas do capital. O continente todo vem denunciando os abusos cometidos pelas classes dominantes. Aqui no Brasil resistimos a um governo neofascista, e observamos nossos irmão se insurgindo por toda a região. Em todos os locais o povo se rebela contra os crimes do capital, precisamos seguir juntos rumo a unificação de um projeto emancipatório da América Latina, construído a muitas mãos, desde as invasões assassinas iniciadas pelas embarcações portuguesas e espanholas no séc. XV.
Nós do RUA juventude anticapitalista repudiamos qualquer ação antidemocrática E declaramos apoio às irmãs e irmãos bolivianos e as democracias latino-americanas. Fascistas, golpistas e capitalistas não passarão!
“Nas veias abertas da América Latina
Tem fogo cruzado queimando nas esquinas
Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil
Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu”.